Sobre a origem dos usos e costumes dentro das Assembleias de
Deus as opiniões são divergentes. Alguns creditam sua gênese somente
aos missionários pioneiros. Outros aos obreiros brasileiros, os quais refletiam
nos ensinamentos seus conceitos de santidade apoiados na cultura da época.
Silas Daniel no História da CGADB, ao comentar sobre a polêmica resolução do presbitério da AD em São Cristóvão sobre o assunto, aponta Gunnar Vingren e Otto Nelson como
"os missionários suecos mais rígidos em termos de vestimentas".
Outros autores apontam os próprios pastores nativos, que
perpetuaram certos costumes influenciados pela tradição católica. Altair
Germano em seu blog cita Robson Calvalcanti, o qual em seu livro A
Igreja, o país e o mundo: desafios a uma fé engajada comenta
"sobre questões culturais, e de forma mais específica, sobre a maneira das
mulheres 'Assembleianas' se vestirem":
Por que as mulheres da Assembleia de Deus no Brasil se vestem
assim, quando em outros países do mundo, até mesmo da América Latina, não o
fazem? É um costume da Assembleia de Deus no Brasil. Aí, você vai descobrir que
essa denominação não começa no sul, mas no norte e no Nordeste, na zona rural.
Converteram-se pessoas que vinham da Igreja Católica, da religião popular. E
quem viveu no interior do Nordeste, nos anos de 40-60, percebe que a beata
católica tinha como características não se pintar, usar cabelos longos presos e
roupas longas. Tal costume, então, dessa denominação é, na verdade, uma
absorção da cultura católica popular, que depois se tornou “doutrina”.
Para o pastor e teólogo Jesiel Padilha foram os líderes nativos
e não os escandinavos os responsáveis por tamanha rigidez. Segundo o escritor
as "exigências de comportamento das mulheres em relação a cabelo,
roupas, sapatos foram intensificados por esses líderes".
Não só isso, a "cartilha do que poderia ser usado, ou não, onde o crente poderia circular ou se poderia participar ou frequentar algum recinto seria o tema principal das plenárias convencionais".
Não só isso, a "cartilha do que poderia ser usado, ou não, onde o crente poderia circular ou se poderia participar ou frequentar algum recinto seria o tema principal das plenárias convencionais".
Pastor Jesiel no seu livro biográfico Carlos Padilha:
combati o bom combate traz algumas pérolas sobre as questões de
usos e costumes nas ADs:
Na década de 1960 era inadmissível uma filha de um Pastor
brasileiro, mesmo que tivesse dez anos cortar o cabelo. Se isso ocorresse a
contraventora era disciplinada e impedida de participar dos conjuntos vocais e outras
atividades. A franja era chamada de chifre do bode, inclusive na década de
oitenta era comentado em cultos de doutrina corriqueiramente. (p.26)
A bateria era o bicho papão para muitos pastores. A resistência
dos presidentes contra a bateria foi muito mais forte. Só na década de 90 é que
foi liberada. Muitos pastores diziam que a bateria era o trono de Satanás e
nela o camarada pintava e bordava balançando o corpo freneticamente e
batendo em todas as direções. Diziam até que a pessoa estava endemoninhada.
(p.91)
Ainda segundo o pastor Padilha na década de 1960 se
presenciou "a onda do sectarismo religioso e do radicalismo,
onde tudo era pecado - assistir televisão, cuspir, beber Coca-Cola, usar tênis
e jeans e outras proibições esdrúxulas". Ironicamente, o
autor chama esse período de"onda do talibã religioso" nas
igrejas pentecostais.
Após tantas controvérsias sobre o tema, muitos membros das ADs
ainda observam os usos e costumes deixados pelos pioneiros. Alguns praticam
parcialmente, enquanto outros abandonaram completamente as antigas normas. A
denominação com certeza em diversos lugares não superou o tema e nem abandonou
seus antigos princípios.
Fontes:
DANIEL, Silas. História da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
PADILHA, Jesiel. Carlos Padilha: combati o bom combate. Duque de Caxias, RJ: CLER - Centro de Literatura Evangélica Renascer, 2015.
http://www.altairgermano.net/2009/04/usos-e-costumes-assembleianos.html
DANIEL, Silas. História da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
PADILHA, Jesiel. Carlos Padilha: combati o bom combate. Duque de Caxias, RJ: CLER - Centro de Literatura Evangélica Renascer, 2015.
http://www.altairgermano.net/2009/04/usos-e-costumes-assembleianos.html
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